Cortina #4 óleo s/cortina de rolo 141x120cm
4 Cortinas
4 Cortinas
“Inicialmente, onde devo pintar, traço um quadrângulo de
ângulos rectos, do tamanho que me agrade, o qual reputo ser uma janela aberta
por onde possa eu mirar o que aí será pintado, e aí determino de que tamanho me
agrada que sejam os homens na pintura.”
Alberti Da Pintura, Livro Primeiro, 1435
4 Cortinas é uma intervenção em 4 momentos na janela
da Estação Sul e Sueste, no Barreiro. Sobre esta janela aberta para a entrada
do mercado primeiro de Maio, vão ser instaladas ao longo de 4 semanas, 4
pinturas diferentes feitas sobre cortina de rolo. Ao ritmo de uma por semana.
Em cada uma destas cortinas está pintada uma paisagem do
Barreiro, focando o que resta atualmente dos seus vestígios industriais. As
pinturas têm por base um conjunto de fotografias realizadas ao longo de várias
deambulações pelos fragmentos atualmente visíveis do património industrial desta
área.
Cada pintura é uma cortina fechada que vai ser vista do
exterior. Tendo por isso uma presença exclusivamente no espaço publico. Embora
protegida pelo vidro de uma janela, estas pinturas têm como finalidade a rua.
Ao fechar um espaço isolando-o do exterior através de uma
simples cortina, esta por conter uma pintura virada para fora, vai actuar
inevitavelmente sobre o espaço público. Fechando um espaço a pintura no estore
vai abrir-se paradoxalmente ao exterior. A pintura é aqui simultaneamente uma
metáfora da janela Albertiana: como uma abertura para o mundo, mas também um
espaço real que recebe e reflete as imagens do mundo.
Martinho Costa
Junho de 2019
First of all about where I draw. I inscribe a
quadrangle of right angles, as large as I wish, which is considered to be an
open window through which I see what I want to paint. Here I determine as it
pleases me the size of the men in my picture.
Alberti On Painting, Book One, 1425
4 Cortinas
(4 Curains) is a four times intervention in the window of the station Estação
Sul E Sueste in Barreiro, Portugal. On this window directed to the entrance of
the market Primeiro de Maio, will displayed 4 diferent paintings done in the surface
of roller blind curtains. Every week will be show one different painting in the
4 weeks long of the show.
En each of
these curtains is painted a landscape from the city of Barreiro, focusing the
remains of his large industrial heritage. Those paintings have in their basis some
photographic documentation done by me during various roams by the physical
fragments still visible in the present day in this area.
Each
painting is a closed curtain that will be visivble from the outside, having by
this way a presence only in the public space. Despite of being protected by the
glass of the window, those paintings have as their main goal the street.
By closing a
space secluding it from the exterior through a simple curtain, this painting directed
towards the exterior, will necessarily activate the public space. By closing
the space the painting in the roller bling will open itself paradoxically to
the public sfere.
Martinho Costa cruza-se com o
Barreiro antes mesmo de a Estação Sul e Sueste lhe fazer o convite a estar em residência
pelo Barreiro, integrando as 12 exposições de Terminal B.
O artista recolheu, nas diversas
visitas à cidade, um conjunto de imagens, compondo um arquivo visual
actualizado do território e da paisagem. “Thumbnails”
apresenta-se como uma série de pinturas a óleo sobre tijolos de 20x30x7, tendo
como referencia as imagens recolhidas.
É visível uma forte relação com
as noções clássicas da pintura, mas ao invés de nos apresentar o convencional
enquadramento da paisagem bucólica e idílica, Martinho mostra-nos acções
quotidianas. Os seus trabalhos são pedaços claros de uma narrativa congelada. Enquadramentos
e composições reconhecíveis que o mesmo, através da paleta de cores cuidada e
do alinhamento das composições transmite a noção de lugares de refrigério.
Explora fragmentos de uma cidade pontuada pelo processo industrial, em processo
inverso, de abandono e transformação.
Outro aspecto que se destaca do
seu modo de fazer é o suporte. Martinho Costa transporta para o espaço
expositivo peças não convencionais. Estes objectos são a base da sua pintura,
que descontextualizados dos lugares adquirem um novo interesse estético.
“Quatro Cortinas” é a proposta do
artista para a ocupação da janela de Terminal B. Apresenta quatro imagens
pintadas sobre cortinas blackout que confundem e abordam a dicotomia
interior/exterior. Trocadas ao longo de quatro semanas reflectem no espaço públicos
pedaços da mesma paisagem.
A cortina assume-se como objecto
charneira desvelando a percepção que temos da vista do interior para o exterior
e vice-versa. Fechamos as cortinas para nos resguardarmos de olhares
indiscretos, procurando intimidade ou somente cobrir a luz solar. O rolo
desenrola-se ao exterior dando-nos a paisagem - olhar para dentro vendo o que
está de fora. O espaço público adquire a forma de lugar interior e, à vista de
quem passa a paisagem é emoldurada e sensivelmente enquadrada na janela.
Reforçado pela troca semanal do
objecto, o que contemplamos é sempre diferente, como se aquele largo junto da
entrada do Mercado viaja-se para um novo ponto da cidade, nunca deixando de ser
um pouco o espaço abrigo da casa que habitamos.
“Quatro Cortinas” é uma exposição
itinerante que está insitu e aborda a
janela como uma abertura para o mundo.
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